Abertura política, estabilização econômica, desigualdades sociais e reforma do Estado vêm sendo os grandes desafios da América Latina, ao longo das duas últimas décadas. Esses desafios impostos aos Estados e, por conseqüência, às administrações públicas desses Estados, estão relacionados a sociedades mais conscientes de sua cidadania e que vêm demandando novas respostas dos Estados. Nesse contexto, os servidores públicos devem estar aptos a interpretar a realidade e rever criticamente os valores culturais que fundamentam sua ação para aumentar sua competência e alcançar os resultados que a sociedade espera.Portanto, é obrigação do Estado oferecer aos servidores públicos um espaço de reflexão e debate sobre o novo marco de atuação do Estado e as novas exigências da administração pública, possibilitando que os mesmos: compreendam as características gerais do novo cenário e seus impactos sobre o papel e as formas de atuação do Estado nas esferas nacional e internacional; conheçam as novas tendências da gestão pública; velhas e novas práticas de gestão e desenvolvam uma atitude pró-ativa em relação ao seu trabalho.O Rio Grande do Sul, o "Estado da participação popular", vem assumindo posição protagonista nesse debate, a partir de uma nova relação instaurada entre o Estado (através do governo e da administração pública) e os cidadãos. Desde janeiro de 1999, quando uma frente popular, composta de partidos de esquerda, assume o governo do estado do Rio Grande do Sul, comprometida com uma gestão democrática e participativa, o servidor público passou a receber uma atenção especial por parte do governo, em função do papel estratégico que desempenha no serviço público.Durante esses últimos três anos várias práticas de gestão pública foram introduzidas, especialmente no que se refere aos recursos humanos. A opção foi trabalhar sobre um perfil de servidor público para o setor público, tendo como objetivo central formar profissionais com uma compreensão crítica da formação do Estado brasileiro fundado nos princípios da participação popular e da cidadania plena. Este artigo, enfim, pretende aprofundar o tema da formação de quadros, a partir da experiência inovadora na gestão pública democrática e participativa do estado do Rio Grande do Sul.

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