Cada vez mais crescente no mundo contemporâneo, a reestruturação de aparelhos estatais foi mais recentemente adotada no Brasil, a partir de 1995, por meio da chamada Administração Pública Gerencial, integrante de um pacote de ações, condensadas no Plano Diretor da Reforma do Estado. Um desafio importante para o alcance dos objetivos daquele Plano era a proposta de substituição do protótipo do "administrador burocrático"-ineficiente, descomprometido e pouco atento ao usuário, pelo do "gerente orgânico"-empreendedor, criativo e atento ao cliente.Este ensaio busca em primeiro lugar, problematizar essa proposição, bem como, em segundo lugar, mostrar o quão complexa pode ser qualquer mudança na forma de agir dos denominados "administradores burocráticos", tendo em vista que suas ações refletem práticas cotidianas construídas a partir de um processo histórico-social, compreendendo, dentre outras, a dimensão cultural, ou seja, traços inerentes à cultura brasileira que influenciam as ações daqueles mesmos atores no interior das organizações públicas. Tal problematização será ilustrada por meio de pesquisa realizada no governo do Estado do Espírito Santo, cujos resultados apontam para perfis de condutas gerenciais bem mais apropriadas ao aqui proposto "gerente caboclo" do que "administrador burocrático" ou "gerente orgânico".

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