O Programa Gestão Pública e Cidadania busca posicionar-se dentro dos processos diários da discussão de possibilidades e da troca de saberes, apoiando e estimulando os contatos entre agências públicas, movimentos sociais, grupos comunitários, políticos, acadêmicos e técnicos em seus mais diversos papéis - incluindo o de cidadão e cidadã - sobre as possibilidades de ação presentes nas experiências identificadas, analisadas e premiadas. Os resultados têm sido diversos, mas, entre eles, está o reconhecimento da necessidade de assumir que "saberes" é plural. A inovação, por conseqüência, está naquilo que acontece e não na idéia ou na teoria a partir da qual se pretende agir. Para alguns, a teoria precede a ação, para outros, a teoria é a ação e, para outros ainda, o agir é simplesmente o agir: uma responsabilidade social e moral de resolver problemas e melhorar a vida coletiva.Se o Programa teve êxito nessa tentativa de manter aberta a discussão sobre inovação, é algo a ser avaliado. A partir dos quase 8,000 programas, projetos e atividades identificados nesses nove anos de existência do Programa Gestão Pública e Cidadania, pode-se afirmar que é possível discutir a idéia de inovação, sem nenhuma grande definição. Inovação parece fazer sentido para os inovadores; ou melhor, para essas iniciativas que se inscreveram e descreveram suas ações. Mas também podemos perguntar sobre esse "fazer sentido": o que é inovador nas suas experiências? Os resultados certamente não serão conclusivos, mas ajudarão a ampliar o debate - afinal, o que é inovação para os inovadores? Construímos nossa análise a partir das respostas dadas pelos gestores públicos aos questionários (ficha de inscrição e formulário de informações complementares) do Programa Gestão Pública e Cidadania.Se "inovação", voltando ao seu uso diário e cotidiano, é normalmente entendida como algo novo em relação ao anterior, nas respostas obtidas, constata-se que as pessoas responsáveis pelos programas, projetos e atividades inscritos no ciclo de premiação do Programa Gestão Pública e Cidadania têm muito pouca dificuldade em reconhecer onde as mudanças estão. As respostas são claras e variadas; as razões dadas mudam de um contexto para o outro, às vezes mais extensas e mais complexas, às vezes mais diretas e mais simples, mas sempre à altura da pergunta.Parece que, diferente de uma pergunta que "sugere" uma resposta "correta", a pergunta "Em que aspectos seu programa, projeto ou atividade inovou em relação a práticas anteriores?" leva a uma descrição, não de uma inovação "nota 10", mas daquilo que realmente é inovador na iniciativa. O resultado é não somente a variedade de respostas dadas e as diferentes categorias encontradas, mas a quase ausência de uma resposta construída "para fazer bonito" ou, na gíria, "para inglês ver". Os responsáveis pelas inscrições estão preparados para ter suas ações avaliadas em relação àquilo que são - práticas que inovam em relação às anteriores -, e não buscam descrever seus trabalhos numa linguagem de melhores práticas.

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