Este trabalho parte do suposto de que a produção de uma política para a juventude brasileira consistente deve enfrentar alguns desafios de ordem técnico-gerenciais, político-institucionais e conceituais. Deve, acima de tudo, buscar incluir nos seus processos de formulação e implementação a perspectiva daqueles mais diretamente afetados pelos problemas que ela se propõe a resolver.Tendo isso em vista, entrevistamos os egressos de um programa de apoio a juventude coordenado pelo governo federal. Também entrevistamos os seus pais, considerados aqui agentes demandantes diretamente interessados na questão. O estudo revelou, dentre outras coisas, que eles, pais e filhos, elaboram um diagnóstico claro da situação juvenil. Apesar de algumas diferenças de intensidade, ambos destacam a questão da violência, da falta de oportunidades de trabalho e das condições de formação educacional e profissional como os principais problemas da juventude.Propõem o aumento da intervenção governamental na viabilização de programas de formação profissional, melhoria das condições educacionais, na implementação de políticas de lazer, etc. Embora as propostas apresentadas por eles possam ser consideradas progressistas, verifica-se também que eles invocam a utilização de medidas repressivas para o controle da juventude. Essa combinação de um pensamento mais avançado com idéias conservadoras na verdade atravessa toda a fala de pais e jovens, inclusive no diagnóstico que fazem da situação da juventude hoje.

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